afundei sem que soubesses, todas as naus
marinheiro morto, o mar te guarda
no teu esquife feito de velhos paus
tua mortalha é coçada farda
é ida a hora em que te salvar poderias .
pois tão nítido estás no azul profundo
nesse mar em que por braças medias
a profundura do mar em que te afundo
serei a sereia que sou
uma angústia de sal me desenha
neste mar azul em que estou
é certo que a morte venha
tu que apostas na vida a cartada
fazes marinheiro a aposta errada
pois apaguei os traços dos navios,
em mastros partidos afiei as garras,
urdi naufrágios em negros fios
em todos os portos em todas as barras
sem leme tomei comando de profundezas
e em marinheiros e soldados
nas garras espremi todas as certezas
e nesses corpos da vida esfolados
meti profundo o meu dente
e contra tudo e toda a gente
ninguém me tira dos dedos
lendas de naufrágios e enredos
e pelo mar dentro às escondidas
parto para novas surtidas
soubesses, tu marinheiro,
que minha voz abarca o mundo inteiro
MEU NOME É EUROPA E SEREIA SOU
MEU CANTO AFUNDA EM CRISE PROFUNDA
OS SETE MARES POR ONDE PASSOS PASSOU
NAQUELE IMPÉRIO QUE SÓCRATES FUNDOU
AFUNDADO EM LAMAS DE CORRUPÇÃO IMUNDA
Ó IMPÉRIO NASCIDO DO EURO PERDIDO
QUE NOS ECOS DA CRISE S'INSTALA
NA MAÇÓNICA CABALA QUE TE ABALA
IMPÉRIO MIL VEZES VENDIDO E VENCIDO
NO VAGO VAGIDO QUE AVANÇA
NA PONTA DA CRISE NEGRA LANÇA
QUE TUDO E TODOS ALCANÇA